A memória espiritual preexiste ao nascimento e sobrevive à morte, por conseguinte, a soma de nossas experiências pregressas repousa nos refolhos da memória espiritual. Embora não tenhamos recordações delas, as mais marcantes podem influenciar o nosso comportamento, fomentar tendências, impulsos e predisposições, a ponto de constituírem um verdadeiro desafio diante da trajetória terrena.
A individualidade é a nossa marca registrada. Ela imprime as particularidades de nosso caráter e se consolida ao longo dos tempos, à medida que acumulamos experiências da mais variada ordem.
Se tais experiências forem positivas, elas contribuirão para o aprimoramento do nosso crescimento interior. As individualidades bem fundamentadas no crivo da moral manifestam os seus dotes diferenciados desde cedo, na transitoriedade da existência. Simplesmente notamos as tendências amistosas, fraternas, respeitosas, que marcam uma determinada personalidade, ainda no período da infância. Por outro lado, as individualidades lastreadas no egoísmo, nas viciações, na desonestidade, se sentem compelidas à repetição desses procedimentos inadequados, compatíveis com o precário estágio evolutivo em que se demoram.
As tendências altruísticas ou degeneradas, despontam nos primeiros anos da experiência terrena. São fáceis de serem observadas na criança ou no adolescente pelos familiares atentos. Daí a necessidade do aporte educativo proporcionado pelos pais. Por isso, o Espiritismo reconhece na paternidade uma das mais importantes missões reservadas aos humanos.
Livro: Desobsessão e Apometria-Vitor Ronaldo Costa - p.255
Pode-se considerar a paternidade como uma missão?
- É sem contradita, uma missão; é ao mesmo tempo um dever muito grande que obriga, mais do que o homem pensa sua responsabilidade pelo futuro. Deus colocou o filho sob a tutela dos pais para que estes o dirijam no caminho do bem, e facilitou a sua tarefa dando uma organização frágil e delicada que o torna acessível a todas as impressões. Mas há os que se ocupam mais em endireitar as árvores do seu jardim e as fazer produzir muitos e bons frutos, que endireitar o caráter de seu filho. Se este sucumbe por sua falta, carregarão a pena, e os sofrimentos do filho na vida futura recairão sobre eles, porque não fizeram o que dependia deles para seu adiantamento no caminho do bem. (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, cap. X, ítem 582)
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