O Espaço é infinito. Voemos pelo
pensamento. O clarão vai depressa, viajando com uma velocidade de trezentos mil
quilômetros por segundo. Quarenta minutos para atingir Júpiter; uma hora para
chegar a Saturno, quatro horas para tocar em Netuno, sete lustros e mais um ano
para atingir a estrela polar. Continuemos nosso voo em linha reta, para além
das estrelas, durante mais dois séculos, e, sempre mais longe, durante dez
séculos, cem séculos, mil séculos, sem parar, sempre avante, com a mesma
velocidade de trezentos mil quilômetros por segundo. Perdemos de vista a Terra,
o sistema Solar, o próprio Sol, tornado estrela e, pouco a pouco, desaparecido;
também perdemos de vistas as principais estrelas que observamos da Terra e
todas as constelações que, gradativamente se deslocaram pela mudança de
perspectiva; atravessamos regiões estelíferas desconhecidas ao nosso planeta; depois imensos desertos desprovidos de sóis;
roçamos em nosso voo, por mundos mais maravilhosos do que os anéis de Saturno,
fantásticos cometas, sóis de clarões fulgurantes, faróis incandescentes lançando
todas as cores do prisma através da imensidade; adivinhamos moradas estranhas,
povoadas de seres sobrenaturais para nós outros, extraterrestres,
extra-solares; porém nenhuma atração nos deteve, e continuamos nosso voo, em
linha reta, durante dez mil, cinquenta mil, durante cem mil, um milhão, dez
milhões de séculos, sempre com a mesma velocidade.
Onde estamos? Que caminho percorremos? Onde está a
fronteira? Onde o Universo termina?
Não avançamos um passo! Estamos
no vestíbulo do Infinito! Poderíamos viajar assim, nessa mesma direção ou em
outra qualquer, durante a eternidade inteira: não nos aproximamos jamais do
término. Que existe para além? Novos céus ainda. É o Infinito. Sem fim. Nem
alto nem baixo. Nem direita nem esquerda.
Livro: Estela- Camille Flammarion-p. 282

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