
Faz-se caridade muitas vezes por obrigação religiosa, com a pretensão de salvar o pobre da opressão. No entanto considero urgente a revisão dessa forma de agir, que mantém o pobre na dependência social e econômica daquele que intenta ajudá-lo. Que tipo de de ajuda é essa em que se distribuem cestas básicas, mas não se procura dignificar o ser humano? Estamos realizando uma obra educativa ou fazendo média, utilizando um paliativo que ostenta nossa pretensa bondade e alimenta a miséria social?
Somente a motivação do amor verdadeiro poderá fazer a caridade verdadeira. Sem amor, a maior caridade não passará de serviço social ou paternalismo assistencialista.
Iniciativas governamentais seriam louváveis caso não tivessem o objetivo central o ganho de votos, o desejo de perpetuar-se no poder, de angariar pontos para a mídia.
Cristãos, há que só fazem o bem para aqueles de sua religião. Então, que bem é este que faz ascepção de pessoas? Como posso ser feliz em plenitude se minha consciência me acusa de não haver feito todo o bem que posso fazer?
Esperam que os céus estejam cheio de seres luminosos, de anjos ou espíritos puros? Estão enganados aqueles que assim pensam; terão enorme decepção ao cruzar os umbrais da vida.Os céus estão vazios, pois aqueles que são os verdadeiros servidores do Pai retornaram para dar as mãos àquelas almas que vivem na desilusão, na carência absoluta de educação.
Eu não conseguiria ficar de braços cruzados entre os anjos e santos, inativa, usufruindo da ociosidade cristã, assistindo a milhões de pessoas em desespero na África, na Índia, no Iraque, no Afeganistão ou qualquer outro lugar. Não há como abraçar um leproso, beijar um enfermo e dar as mãos aos caídos se não for por amor.
Recordemos ainda aquela migalha que todos somos capazes de oferecer, suprema forma de caridade e amor; o silêncio ante a calúnia; a resposta certa ante o alastramento do mal; o dizer não na hora em que for preciso, não sendo conivente com o erro, e o sim quando for adequado, além de fazermos o que podemos pela própria família, pelos irmãos mais próximos que Deus colocou ao nosso lado.
Enfim, não é preciso ir muito longe -nem à África e nem à Índia - para fazer o bem. Comece distribuindo as gotas de amor ao redor de si. Num lugar onde você não se autopromoverá, onde não houver mídia para alardear, nem ninguém para aplaudir. Comece exatamente onde você está e já terá feito muito por si próprio - e certamente alguma coisa para o mundo.
(Robson Pinhero - A força eterna do amor -Teresa de Calcutá- p. 63/64
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