Só por isso?
Vida difícil
de Damião, 32 anos, solteiro, catador de papelão, latas , nas ruas da cidade para vender como sucata num
ferro velho.
Órfão de pai
e mãe aos 16 anos, apenas lhe restara uma pequena casa num bairro pobre, numa
rua sem asfalto, distante da periferia.
O rapaz
ganhava apenas o suficiente para se alimentar e dormia num colchão estendido no
solo cimentado de sua casa. O fogão de tijolos que ele mesmo construíra.
Energia elétrica não havia.
Damião pouco
sabia ler e escrever, conhecia as contas
básicas da matemática.
Todos que
habitavam aquele local passavam por dificuldades, apesar de estarem empregados.
Apesar de
todas as dificuldades, Damião trazia sempre um sorriso nos lábios e uma palavra
de ânimo a todos daquele pobre povoado, fazendo questão de cumprimentar com
alegria a quem quer que encontrasse pelo
caminho.
---Bom dia
dona Rosa, e a Lurdinha? Melhorou da
febre?
----Graças a
Deus e a você que conseguiu o remédio para ela.
----Graças a
mim não, dona Rosa. Graças ao seu Artur da farmácia, que foi quem deu o
medicamento.
----É,
Damião, mas você fez a limpeza do quintal da casa dele em troca da caridade.
----Foi
fácil, só cortei o mato. Só temos que agradecer a Deus e a nossa senhor
Aparecida para quem eu pedi que ajudasse de alguma forma.
Na última
casa da rua, encontrou-se com Deise, uma empregada doméstica, que saia para o
trabalho com o filhinho José, de três anos de idade ao colo.
----Vamos
ver se hoje consigo o que prometi. Tenho rezado bastante para encontrar um
carrinho de bebê para a senhora, levar o menino na creche antes do trabalho.
E Damião
continuou se caminho, quando alguém lhe chama.
Era Roberto
que queria lhe dar utensílios velhos do fundo do quintal, retirados após uma
faxina, eram pedaços de ferro, arames enferrujados, tripé de sapateiro,
martelo, etc.
---Dá pra
vender sim seu Roberto. Quanto o senhor quer?
Bem, não
sei, talvez...
----Ele vai
dar a você Damião, respondeu uma voz feminina, que vinha da cozinha.
O marido deu
um sorriso forçado e confirmou.
----Bem eu
agradeço de coração.
Vai valer a
pena, Damião?
----Vai sim.
Dona Fátima, penso até que vai dar pra trocar por um carrinho de bebê, lá do
ferro velho mesmo.
----Você vai
ser pai?
E o rapaz
falou da necessidade de Deise com o filho José.
Dona Fátima
já emocionada pediu para ele carregar os
apetrechos e que ainda lhe daria um carrinho a fim dele entregar a Deise.
E assim
passaram-se os anos, e Damião, sempre alegre, viveu auxiliando aos necessitados
de alguma forma, muitas vezes tirando se si para levar alegria e resolução de
seus problemas.
Aos 83 anos,
Damião desencarnou enquanto dormia, fato logo
descoberto pela manhã, pois notaram sua falta na rua.
Despertou no
plano espiritual num hospital
completamente recuperado, deslumbrado com a beleza daquele ambiente.
----Por que
estou tendo tanto auxílio aqui?
----Por tudo
que fez pelos necessitados.
----Só por
isso?
Não teve
dificuldades para compreender como tudo funcionava na vida: a necessidade das
reencarnações, o amor de Deus, a proteção dos Espíritos elevados aos
encarnados, o livre arbítrio do homem no necessário aprendizado.
A verdadeira
alegria ou felicidade e a que sentimos com a alegria do próximo, ampliada se a
pessoa puder oferecer de si para que os outros sejam felizes.
Anuário Espírita : O homem de Bem


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