segunda-feira, 10 de julho de 2017

Generosidade


Só por isso?

Vida difícil de Damião, 32 anos, solteiro, catador de papelão, latas ,  nas ruas da cidade para vender como sucata num ferro velho.
Órfão de pai e mãe aos 16 anos, apenas lhe restara uma pequena casa num bairro pobre, numa rua sem asfalto, distante  da periferia.
O rapaz ganhava apenas o suficiente para se alimentar e dormia num colchão estendido no solo cimentado de sua casa. O fogão de tijolos que ele mesmo construíra. Energia elétrica não havia.
Damião pouco sabia ler e escrever, conhecia  as contas básicas da matemática.
Todos que habitavam aquele local passavam por dificuldades, apesar de estarem empregados.
Apesar de todas as dificuldades, Damião trazia sempre um sorriso nos lábios e uma palavra de ânimo a todos daquele pobre povoado, fazendo questão de cumprimentar com alegria  a quem quer que encontrasse pelo caminho.
---Bom dia dona Rosa, e a Lurdinha?  Melhorou da febre?
----Graças a Deus e a você que conseguiu o remédio para ela.
----Graças a mim não, dona Rosa. Graças ao seu Artur da farmácia, que foi quem deu o medicamento.
----É, Damião, mas você fez a limpeza do quintal da casa dele em troca da caridade.
----Foi fácil, só cortei o mato. Só temos que agradecer a Deus e a nossa senhor Aparecida para quem eu pedi que ajudasse de alguma forma.
Na última casa da rua, encontrou-se com Deise, uma empregada doméstica, que saia para o trabalho com o filhinho José, de três anos de idade ao colo.
----Vamos ver se hoje consigo o que prometi. Tenho rezado bastante para encontrar um carrinho de bebê para a senhora, levar o menino na creche antes do trabalho.
E Damião continuou se caminho, quando alguém lhe chama.
Era Roberto que queria lhe dar utensílios velhos do fundo do quintal, retirados após uma faxina, eram pedaços de ferro, arames enferrujados, tripé de sapateiro, martelo, etc.
---Dá pra vender sim seu Roberto. Quanto o senhor quer?
Bem, não sei, talvez...
----Ele vai dar a você Damião, respondeu uma voz feminina, que vinha da cozinha.
O marido deu um sorriso forçado e confirmou.
----Bem eu agradeço de coração.
Vai valer a pena, Damião?
----Vai sim. Dona Fátima, penso até que vai dar pra trocar por um carrinho de bebê, lá do ferro velho mesmo.
----Você vai ser pai?
E o rapaz falou da necessidade de Deise com o filho José.
Dona Fátima já emocionada  pediu para ele carregar os apetrechos e que ainda lhe daria um carrinho a fim dele entregar a Deise.
E assim passaram-se os anos, e Damião, sempre alegre, viveu auxiliando aos necessitados de alguma forma, muitas vezes tirando se si para levar alegria e resolução de seus problemas.
Aos 83 anos, Damião desencarnou enquanto dormia, fato logo  descoberto pela manhã, pois notaram sua falta na rua.
Despertou no plano espiritual  num hospital completamente recuperado, deslumbrado com a beleza daquele ambiente.
----Por que estou tendo tanto auxílio aqui?
----Por tudo que fez pelos necessitados.
----Só por isso?
Não teve dificuldades para compreender como tudo funcionava na vida: a necessidade das reencarnações, o amor de Deus, a proteção dos Espíritos elevados aos encarnados, o livre arbítrio do homem no necessário aprendizado.
A verdadeira alegria ou felicidade e a que sentimos com a alegria do próximo, ampliada se a pessoa puder oferecer de si para que os outros sejam felizes.



Anuário Espírita : O homem de Bem
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