Nunca os profissionais
do espetáculo tiveram tanto poder a invadirem as fronteiras e conquistarem os
domínios de nossas horas, quanto na atualidade, passando a dominar de forma consciente e sistemática sob o império da
passividade. A cultura, outrora a sementeira de potencial mudança, torna-se mais uma mercadoria a serviço do
capitalismo, através da televisão, da publicidade, e das mídias sociais.
Lamentavelmente uma sociedade em
que o “natural”, o “autêntico”, e o “espontâneo”
, é substituído por modelos pré-estabelecidos de acordo com interesses financeiros. A própria realidade se
converteu em encenação, e a fantasia passa a ser mais real que a realidade,
quando emersos na programação insistente dos programas de auditórios, dos
noticiários sensacionalistas, nos dramas noveleiros.
A esse quadro desolador, nos reportamos a partir da
Revolução Industrial no século XVIII, embora trazendo progresso e bem estar,
propiciou a infeliz tragédia do ambicioso imperialismo das nações
industrializadas, aos países pobres. As forças históricas dos
sistemas políticos, aos avanços tecnológicos propiciando a globalização dos
meios de comunicação, incitador sutil do material visual, produtor de
conceitos, ideologias manipuladoras nem sempre condizente com a realidade,
porém a serviço dos interesses financeiros.
As organizações se aproveitam dos
eventos tradicionalistas instituídos atavicamente entre as comunidades a fim de levar a necessidade do consumo de
produtos e alimentos consagrados pelo costume, dando força ao consumismo como ritualístico
compromisso. Gerando congestionamento do
tempo destinado ao descanso e ao lazer, à multidão de convites e compromissos
sociais nem sempre prazerosos, e suportados a título de “obrigação”.
Considerando que a ameaça de viver uma irrealidade, desprovida de
discernimento, leva ao modus vivendi das
sociedades modernas ao descontrole de ideais significativos e plenos do ser.
A palavra de ordem é atrair e
manter a atenção do público, satisfazendo seu apetite pelo sensacionalista,
pelos dramas alheios e sandices dos incautos.
No afã de esquecer e encobertar
os próprios conflitos, somos levados às horas e horas que somam-se aos anos,
tempos depositados na vacuidade do nada, entretenimentos desprovidos do olhar
para o próprio interior, para se ater ao ilusório mundo dos problemas alheios,
quase sempre impossível de auxílio.
As preferências culturais, as conversas amigáveis de outrora, somam-se a
reduzida parcela da população, em contraste com as massas medíocres em poder de
percepção e análise, que levaria à conquista de valores e edificação de
conceitos valorosos de comprometimento com o bem comum na justiça, nas escolhas
conscientes dos representantes do povo na administração pública.
Quanto mais a vida se torna um
produto, mais nos separamos dela, tornando-nos espectadores dos eventos dialogados unilateralmente, consumidores
autômatos dos desejos visualizados pelas imagens da mídia.
Examinemos as páginas dos contatos
com o pensamento alheio, diariamente e
façamos companhia àquelas que desejam elevação. Não precisamos das que se afiguram
mais brilhantes, mas daquelas que nos façam melhor.
A sociedade do
espetáculo- Berman
Pão Nosso – Chico Xavier