sexta-feira, 21 de setembro de 2018

POSSE


Naturalmente nos reinos inferiores, a necessidade da sobrevivência exigia que o mais forte sobrepujasse a fim de garantir o alimento e a imperiosa dominação do adversário para manter a continuação da carga genética.
 Através das lutas corporais, os vencedores, ganhavam o direito sobre a possibilidade  do acasalamento com as fêmeas se tornando o macho alfa, garantindo a procriação do grupo.
São instintos determinantes que marcam o transpassar da sucessão interminável dos tempos, que se  arrastam através dos percursos inimagináveis.
Chegados a uma escala evolutiva maior, em que há possibilidade das escolhas e da razão, porém, ainda com os fortes ímpetos constritores da posse do parceiro, aliado ao egocentrismo , que permeia o ser, junto ao grupo social e  de forma mais pungente, a companheira conjugal.
No caminhar da trajetória humana, irrecusável, ainda persiste de forma inolvidável, os resquícios dos comportamentos dominadores e irrefletidos nas relações  sociais, sendo mais acentuadas no convívio conjugal.
Inúmeros são os casos em que o parceiro, geralmente o homem, chegando às portas da insanidade, tira a vida da mulher.  No Brasil, são doze mulheres assassinadas por dia, ou a cada duas horas ocorre um homicídio nesse sentido.  Mesmo depois da lei 11.340 de 2006, (Maria da Penha), protegendo legalmente as mulheres, os casos de óbitos  continuam a crescer, incluindo a violência psicológica e agressões físicas sofridas pelas mulheres.
É imprescindível, porém, refletir quanto à origem, o percurso através dos tempos,  a força do atavismo milenário, a repercutir em nosso arcabouço psicológico profundo, do modus viventi, nos reinos inferiores, como sinal de bravura, repercutindo depois para  as  repugnantes  posturas da posse machista, assim como a triste atividade da prostituição feminina  desmoralizante.
No futuro, formaremos, mais consagrados aos êxitos, dado o aprimoramento doloroso do cinzel, a abertura saudável e lúcida do amor universal na  alegria contagiante que une as criaturas no ideal do bem maior.
O processo da transformação interior, lentamente conquistado por todos aqueles, que sob os açoites da marcha ascensional, são os eleitos, abraçados  pela misericórdia divina, que pacientemente nos aguarda para em seus braços amorosos retornar.

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